Ao ver o garoto, Glória se perguntou quantos anos ele teria. 14? 15, talvez. Não mais que 16. As mocinhas logo se insinuaram. Todas queriam o rapazinho como cliente. Mas foi para Glória que ele apontou.
Glória, com seus 42 anos, era a dona do cabaré. Era bonita e ainda tinha um corpo desejável, mas não tanto como suas funcionárias. Ela espantou-se quando ele disse que sim, era mesmo ela quem ele queria. Mas logo pensou: "Bobagem. Ele deve querer uma mulher mais velha só para saber como é". Tentou ainda dissuadi-lo da ideia, porém ele estava irredutível.
Então, ela cedeu. O rapaz era uma graça, poderia até ser divertido. "Vem comigo", ela chamou.
Ao final, Glória ainda estava surpresa. Afinal, por que um garoto como aquele tinha ido a um cabaré e escolhido justamente a mulher mais velha do lugar? Ela não resistiu e perguntou:
- Rapaz, posso saber porque você me escolheu? Você viu as mulheres mais jovens...
- Eu não queria mulheres mais jovens. Queria alguém como você. Mas as mulheres mais velhas não me dão crédito. Aí, eu soube desse lugar e de você. Tinha que vir. Não era só pela experiência... Era por gosto mesmo. E gosto não se discute, Glorinha.
"Glorinha". Há anos ninguém a chamava assim. Era verdade, gosto não devia ser discutido - especialmente se a tinha tratado bem, tinha pago sem reclamar e mais: tinha feito com que ela se sentisse mais leve... e mais jovem.
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