quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Crônica/27

Carta a um ex-amor

Às vezes, vejo nossas fotos e nos vejo também, mentalmente. Eu te procuro e te encontro, mesmo que você não saiba, afinal existem várias formas de se encontrar alguém.
E assim, eu te vejo e te encontro na minha mente e te digo coisas embaralhadas; coisas que agora tento colocar em ordem nesse escrito.
Pra começar, eu te vejo do jeito que gostava - sem bigode, sem barba e com aquele cabelo louco. Você parecia o Freakzóide e eu adorava isso. Gostava do seu cabelo, do seu cheiro, do seu beijo e do seu gosto. Como é possível que eu nunca tenha te dito isso?
Na verdade, eu sei como é possível: eu era uma boba. Ainda sou, é verdade. Mas só agora consigo reconhecer o quanto tive receio de me entregar através das palavras e mesmo através de gestos.
Talvez não valha mais a pena falar sobre o assunto e lembrar disso, mas é passado, já aconteceu, então que mal tem? Que mal há em lembrar de um par que não deu certo?
Falando nisso, demos certo ou errado? Bom, estive pensando e acho que demos certo separados e errado juntos. Melhor: demos certo juntos, por um tempo.
Ah, e que tempo! Foi um período tão gostoso! Lembro de coisas que você disse, de coisas que eu disse e sei que já não me recordo de tudo, pois a memória voa, tal qual o tempo. Ah, e quantas coisas eu deixei de te falar, quantas!
Mas não escrevo para falar disso. Tampouco para narrar lembranças. Hoje, ambos estamos unidos a outras pessoas, mas não apago você da minha mente. Porque ex-amor, por mais que se tente, não dá pra apagar. E isso finalmente me remete ao maior objetivo da carta, que é o de te confessar, o de te dizer o que eu nunca ousei dizer - que um dia eu te amei.

(Para N).

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