Las Vegas, case comigo
Eu confesso: queria me casar.
Mas nada daquela coisa de igreja e cartório. Eu queria me casar só para aproveitar a festa.
E claro que não poderia ser uma festa qualquer. Essa coisa de buffet, vestido de noiva, criança carregando as alianças, nossa eu acho isso muito bonito para as outras pessoas, mas não para mim.
Eu queria me casar bêbada em Las Vegas, com cerimônia oficializada por alguém vestido de Elvis.
Eu entraria cantando e dançando “Viva Las Vegas” e gritaria “Elvis não morreu!”. Meu noivo também estaria bêbado e teria que se casar sentado, pois não conseguiria permanecer de pé.
As testemunhas seriam dois mendigos, um homem com um chapéu de cowboy e uma mulher cheia de tatuagens. É, acho que somente duas seriam necessárias, mas toda festa precisa de convidados, certo?
Melhor ainda se o noivo fosse um desconhecido qualquer, com quem eu teria apostado no cassino: se você perder, nós nos casamos bêbados. Se eu perder, vou tatuar seu nome na minha bunda – ah, quase esqueci: qual é seu nome mesmo?
Depois do casamento, iríamos celebrar jogando uma partida de pôquer próximo a capela. Depois, eu não viraria corista, pois não sei cantar, mas talvez crupiê. Meu marido sumiria pelo mundo. E eu seria feliz para sempre, casada, de fato, com Las Vegas.
Mas a dura realidade é que eu já sou casada. Claro que meu marido não sabe que eu tenho essas idéias. Quer dizer, acho que ele desconfia, pois volta e meia eu falo sobre fugir para Las Vegas e me estrepar no jogo e tudo mais.
Nessas noites, quando falo sobre Las Vegas, ele prudentemente fecha a porta do apartamento e esconde a chave até o dia seguinte. Que bobo... Até parece que não imagina que se eu decidir fugir mesmo basta abrir a janela e usar uma corda feita de lençóis. Ideia simples!
Enquanto isso, Vegas continua me esperando sem nem saber que eu existo. Vegas não sabe que eu fui feita para ela e vice versa, embora eu já seja casada e meu marido talvez não se interesse por Vegas tanto quanto eu. E tem outra coisa que Vegas não sabe: eu daria trabalho aos cassinos, já que paguei minha escola jogando pôker.
Chronicle –
Las Vegas, marry me.
I confess: I’d like to get marriage.
But no church or a civil marriage on a registry office. I would like to marry just because the party.
And, of course, it wouldn’t be a trivial party. Buffet, a big dress, a child carrying the rings, hum, I think everything cute – for other people, but not for me.
I’d like to get marriage drunk, in Las Vegas. Our chaplain would be dressed like Elvis.
I’d come inside chapel singing and dancing “Viva Las Vegas” and I’d scream “Elvis is not dead!”. My fiancé would be drunk too and he would have to marry on a chair because he couldn’t stand up.
For witnesses, we would have two beggars, a man using a cowboy hat and a woman with a lot of tattoos. Yeah, I guess only two buddies would be necessary, but a party needs guests, right?
It would be better if I just didn’t know my fiancé. We would have meet on the casino and we would bet: if you loose, we’ll get drunk and marry; if I loose, I will tattoo your name on my derriere – by purpose, what’s your name?
And after marriage, we would celebrate playing poker near chaplain. Then, I wouldn’t become a singer, because I can’t sing, but maybe a croupier. My husband would disappear traveling around the world. And I would be happy forever, married, in fact, with Las Vegas.
Well, reality is hard: I’m married already. Of course my husband doesn’t know I have these ideas. I mean, I guess he supposes, because sometimes I start to talk about loose money in Las Vegas and etc.
On these nights, when I talk about Vegas, he prudently closes our door and hides key until next morning. What a foolish… It’s like he didn’t know I just could escape through our window, using with a rope made of sheets. A simple idea!
While this, Vegas awaits for me - but it doesn't knows I exist. Vegas doesn't know I was made for it and vice versa. It doesn't matter if I'm already married and my husband it's not interested in Vegas like I'm. Ah, there's one more thing Vegas doesn't know: it would be hard to play cards with me, cause I paid my school playing poker.
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