(Crônica meio velhinha, hehe. Eu ainda morava em Fortaleza!!).
Trânsito
Seis e quarenta da noite. Olhei pela janela do ônibus mais uma vez, só para ter certeza absoluta de que ele pouco havia se movido. Isso mesmo: estávamos praticamente parados há cerca de trinta minutos. Talvez isso pareça pouco frente aos caóticos engarrafamentos do eixo São Paulo – Rio de Janeiro, mas para quem mora na cidade solar, trinta minutos é uma quantidade considerável de tempo.
Desde que passamos dos quinze minutos na mesma avenida, as pessoas começaram a sair de seus lugares para tentar saber o motivo para o trânsito estar parado. Eu não cogitei me erguer. Do meu lugar, vi a fila de carros e a outra fila imensa de ônibus à nossa frente. Isso tem se tornado muito comum na Avenida Treze de Maio. Então, continuei tentando ler.
Bom, não deu pra continuar a leitura. Eu estava num daqueles dias de impaciência, em que um engarrafamento só poderia piorar as coisas. Transferi minha atenção para os demais passageiros. Uma senhora cochilava. Uma moça ninava seu bebê. O motorista passou um pano na testa para enxugar o suor. Parecia muito cansado. Um senhor começou uma conversa com o trocador, dizendo que o caos estava em toda parte e que isso era só mais um descaso das autoridades, que não construíam outras vias de acesso e isso dificultava a vida de todos. O trocador concordou. Eu achei que era melhor não me meter, pois nunca fui muito boa em puxar assunto dentro de ônibus (assim como nas filas de banco).
Mas, mesmo que eu não tenha interferido na conversa, fiquei pensando que esse senhor estava certo. Embora fosse um horário de pico, embora engarrafamentos em grandes cidades sejam comuns, há formas de mudar isso! E esse senhor falou sobre uma boa solução: construir outras vias de acesso.
Entretanto, diminuir o engarrafamento não seria o único problema, pelo menos no Brasil. Nos últimos anos, o índice de acidentes e mortes no trânsito ainda se manteve alto, mesmo com a instituição da Lei Seca. Nesse caso, continuar investindo em campanhas de conscientização da população também é uma opção.
Por um momento, senti que sairíamos da avenida. Ledo engano. O ônibus estacionou novamente. Um passageiro tomou a iniciativa e pediu ao motorista para descer e ver o que estava acontecendo. Caras ansiosas aguardavam a decisão do motorista. Afinal, ele concordou que o passageiro poderia voltar ao ônibus depois de verificar se algo havia ocorrido.
Finalmente, o ônibus atravessou alguns metros. Mais à frente, o passageiro, aquele que havia descido para ver o (possível) motivo de tamanho engarrafamento, deu sinal. Ele explicou: sim, um acidente. Um rapaz com um corte na testa. E também uma discussão feia entre os motoristas.
Passamos ao lado dos carros. Os motoristas eram jovens. Um deles, o do corte na testa, parecia ainda zonzo com tudo que transcorria. O passageiro esclareceu: as pessoas disseram que ele estava bêbado quando bateu no carro do outro.
Saímos da avenida. Eu estava atrasada para a aula, mas não consegui atentar para outra coisa que não o acidente. A cena dos dois motoristas brigando. Um deles, talvez embriagado. Nossa, tão jovem e tão imprudente! Depois disso, só me restou filosofar: decerto novas vias de acesso podem diminuir engarrafamentos, mas é a educação no trânsito e dentro de cada um de nós a verdadeira responsável por cuidar melhor das vidas de todos nós.
2 comentários:
Nem sei o que dizer
Meu blog: www.espelhodaseras.blog.com
Com acidente ou não, em Fortaleza o trânsito ta um inferno!!!!
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