terça-feira, 21 de setembro de 2010

Microconto/19

Pedro estava sentado no metrô, quando a moça de vestido verde entrou no vagão e ele não viu mais ninguém.
Quer dizer, ver ele via, isso é só modo uma forma de dizer que a atenção dele, a partir daquele instante, era toda dela. Mas a moça, com sorvete na mão, parecia não notá-lo ou então fingia muito bem que não o via.
Pedro pensou em como chamar-lhe a atenção, sem muito alarde e sem assustá-la. Cantada ao pé do ouvido? Fora de questão. Um "oi, qual o seu nome?" cairia bem? Nos dias de hoje, era capaz dela ignorar apenas ou inventar logo que tinha namorado. Mas e se tivesse? Ele não queria saber, queria arriscar, isso sim. Um bilhetinho? Mas escrever o que? Nome e telefone apenas? Que coisa mais sem graça, vazia.
Depois de pensar alguns minutos, ele decidiu: um poema. Escrever nunca tinha sido seu forte, mas para uma mulher interessante sempre é possível dizer palavras bonitas. E ele escreveu. Mais abaixo, colocou nome e telefone. Caso contrário, ela não teria como encontrá-lo.
Pedro saltou na estação seguinte. A moça recebeu o bilhete com um olhar desconfiado, achou que era alguma propaganda.
Depois, Pedro esperou, esperou e esperou. Horas, dias, semanas. Levou um tempo, mas enfim o telefone tocou. E depois de rejeitar a oferta de um novo cartão de crédito, Pedro desligou e voltou para a solidão dos dias difíceis.

Um comentário:

Paulo Tamburro disse...

OLÁ!

Abaixo um trecho da crônica de humor desta semana do meu blog: HUMOR EM TEXTOS.

Caso queira, vá até ao blog e leia tudo.

Ficarei honrado com sua visita!

INIMIGOS CORDIAIS.

Nunca se deram , porém como manda a boa norma de convivência social, suportavam-se pois, eram cunhados e assim deveriam caminhar as coisas, com elegância e sem maiores baixarias...


VOU ESPERAR, CERTO?

UM ABRAÇÃO CARIOCA.