sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crônica/23

Eu o vi através do vidro. Fui até ele e minha boca emudeceu, mas meu olhar disse: "Você vem comigo". E ele veio.
Então, eu comecei a (re) devorar esse homem, com quem nunca conversei. Eu o encontro sempre, já há algum tempo, por acaso ou porque o procuro. E ele pode ser, ao mesmo tempo, conhecido e desconhecido, novo e velho.
Ele não sabe ainda, mas sonho em apertar-lhe a mão, em Montevidéu ou em qualquer outra cidade; não importa, contanto que eu possa apertar a mão com a qual ele escreve. E também sonho, enquanto o leio, em dizer-lhe olhando nos olhos: "Obrigada. Obrigada por suas palavras".

(para Eduardo Galeano)

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