domingo, 5 de dezembro de 2010

Crônica/31

Distrações

Uma vez, quase coloquei minha calcinha para secar dentro da geladeira.
Outra vez, quase comprei cevada ao invés de café e milho no lugar do feijão.
Cheguei perto de jogar minha escova de dentes no lixo.
Costumo esquecer de pôr as meias para lavar.
Também é costume esquecer de fazer o que me pedem. Preciso anotar, se não, a memória coloca outra coisa no lugar - ou deixa um vácuo mesmo.
Meu finado peixinho Moby Dick - que Deus o tenha - morreu justamente porque esqueci de limpar o aquário e de dar comida a ele... por uma semana! É por isso que há tempos não me arrisco a ter outro bicho de estimação.
Ah, também já fiz confusão com nomes, incluindo gênero: chamei um rapaz de moça; tudo bem que se parecia muito com uma, entretanto eu podia ter tido mais atenção. Felizmente, o rapaz não se ofendeu. Pelo contrário: riu.
É, eu sempre fui meio distraída; digo "meio" porque não posso ser considerada um completo desastre por causa dessas eventos, principalmente porque muitos ficaram no quase.
Mas de todas as minhas distrações, considero a pior o fato de não dizer a algumas pessoas o quanto eu gostava (e gosto) delas - de estar com elas, de conversar com elas e tudo mais. Aliás, dizer eu dizia, mas acho que ainda assim, não fazia isso constantemente. E a gente sabe que às vezes não basta só nossa presença; palavras também se fazem necessárias.
Agora que estou longe de muitas dessas pessoas é que penso no assunto. Tento manter contato, mas sei que ainda falho bastante.
Bom, pelo menos ninguém pode me acusar de esquecer aniversários. Nisso eu não falho. Precisava compensar meus deslizes com algo, não é?
E assim, vou levando a vida: distribuindo sempre parabéns e com a metade da cabeça no mundo da Lua.

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